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Crianças boas e más


A história do acolhimento de crianças é marcada por peripécias e por ciclos de maior e menor atenção consoante a valorização que a sociedade faz das suas crianças e da sua população mais vulnerável.

No presente vive-se um momento peculiar, uma atenção particular dos media e da sociedade em geral sobre o fenómeno da criança mal tratada e um desprezo em particular pela criança com comportamentos de oposição e desafiadores das normas da sociedade.

A sociedade, a escola e o sistema de protecção, aparece acentuar a clivagem entre criança vítimas e crianças agressoras. As primeiras merecedoras de todo o apoio e respostas sociais, as segundas merecedoras de contenção urgente, de correcção e de uma injecção urgente de gratidão por viverem num mundo já sem fome.

Não é com raridade que ouvimos comentários do tipo: "porquê dar as melhores respostas e equipas de luxo para trabalhar com crianças, que negam todo o tipo de ajuda, e que constantemente nos viram as costas, porquê lhes dar tudo se elas parecem não querer nada?"

...Talvez, porque são crianças?!

Contudo, as boas regras de gestão de recursos informam que devemos apostar no melhor cavalo e só depois devemos apostar no cavalo coxo.

Permanecendo então a impossibilidade de pensar que aquém da clivagem operada por nós entre crianças vítimas e crianças desafiadoras, estão crianças a sofrer e com uma enorme incapacidade de gerirem o seu viver emocional, permanece um vazio de respostas para as crianças que desafiam os nossos modelos. Crianças que precisam de ser apoiadas, que precisam de respostas adequadas ao nível da saúde mental e da educação. Respostas que integrem a sua história, que lhes dêem experiências significativas e que lhes permita criarem um projecto futuro onde se imaginem.

PVS