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O dia seguinte ao plano DOM

Hoje é o primeiro dia sem o Plano DOM em muitas instituições. Não porque o Estado tenha dito de forma categórica que o projecto tenha acabado, mas simplesmente por que de nim em nim chegámos a Julho. Óbvio que muitas instituições sem certezas e com a obrigação de passar os técnicos para o quadro, assumindo o aumento de custos operacionais, decidiram pela fim dos contratos. Este é um bom caso de desarticulação de medidas. Por um lado o Estado a querer acabar com o projecto, com toda a legitimidade, por outro lado as instituições aflitas a não quererem assumir mais encargos, com toda a legitimidade, pelo meio as crianças e jovens que do dia para noite vêem à sua volta uma confusão de adultos ansiosos sem saber se os seus postos de trabalho vão acabar ou não.

Não me vou alongar mais sobre o sim ou não do plano DOM. Gostava de levantar uma outra questão. Qual o impacto deste zig zag ao nível dos despedimentos dos mais qualificados das instituições na construção da percepção que os mais novos têm sobre o valor do estudo e das qualificações? Qual a mensagem que as instituições e o Estado estão a passar às suas crianças, colocando perante os seus olhos esta desvalorização do social dos profissionais mais qualificados? Será que estamos todos a dizer "olha, não estudes porque o melhor que tens a esperar, tal como nós, é não saber se amanhã terás emprego".

Quem trabalha em acolhimento sabe que tudo tem de ser devidamente preparado e trabalhado com antecedência. Sempre que entra ou sai um novo membro na equipa deve ser realizado um momento de apresentação ou de despedida, envolvendo-se necessariamente as crianças na vida da casa. É muito importante que mesmo em tempos turbulentos, como os que vivemos, os adultos consigam pensar que todas estas alterações têm um impacto nas crianças e nos jovens acolhidos.

PVS