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Magalhães e os pseudoriscos

A notícia do dia é a existência de erros ortográficos num dos programas da versão OpenSource do computador Magalhães. Notícia que é apresentada em tom trágico e verdadeiramente desproporcionado, só compreendido pela dimensão política que o projecto do Magalhães tem tido.

Contudo devemos sublinhar uma das dimensões que nos parece mais inovadora no projecto do Magalhães e que infelizmente se vê colocada em causa com esta recente polémica... Quem já ligou um computador Magalhães sabe que de forma inovadora este computador vem com dois sistemas operativos, o Windows da Microsoft e o Linux (Caixa Mágica).

A maioria das famílias e dos cidadãos possivelmente não valoriza muito esta dimensão do projecto. Contudo esta parece-nos ser uma das dimensões economicamente mais estratégicas do projecto. Todos nós, nas últimas duas décadas nos habituámos de forma quase dependente ao Windows e a um conjunto de programas de Microsoft para realizar um conjunto de operações informática básicas como editar um texto, enviar um mail, ou consultar uma página web.

O que nos esquecemos frequentemente é que o Windows é um programa não gratuito, dependendo a sua utilização de um pagamento de uma licença à Microsoft, situação que obriga todos os estados europeus a pagarem milhões de euros anualmente à Microsoft, contribuindo negativamente para o saldo da balança tecnológica europeia.

O projecto Magalhães pela sua dimensão de abrangência universalista e por se dedicar a uma população que está a iniciar-se no mundo das novas tecnologias, encontra-se numa posição estratégica para promover o software OpenSource, isto é software com código fonte aberto, e por essa razão, livre de pagamento de licença de utilização como é o caso do Sistema Operativo Linux. A promoção do Linux, e em particular da distribuição nacional Caixa Mágica, é um caminho estratégico para que de aqui a alguns anos Portugal e a Europa conquistem uma independência face aos Estados Unidos em termos de software.

Óbvio que lamentamos os erros ortográficos da versão Linux mas não podemos deixar de saudar a estratégia de inclusão da Caixa Mágica no projecto do Magalhães.

PVS