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Uma teoria impressa na prática

É a primeira vez que participo neste blog. Sinto-me grata por colaborar e poder partilhar aquilo que vão partilhando comigo. É este o contributo que espero dar: fazer circular saberes comuns, saberes científicos, saberes gerais e multidisciplinares, multiculturais, saberes que sabemos e às vezes só nos apercebemos quando dizemos ou escrevemos…

Move-me o sonho de, em conjunto, desenvolver o sentido cívico, a solidariedade, entre-ajuda e aproximação entre segmentos sociais. Pano de fundo necessário ao crescimento de relações sem risco, felizes. Despertam-me o interesse e provocam-me o envolvimento os grupos/redes/sistemas como comunidades, escolas, teorias, tudo o que gira na órbita da sociedade e está nas entranhas dos seus processos.

Começo assim...

Gostava de pôr em comum o legado deixado por um autor de quem tenho ouvido citações repetidas vezes, todos os dias, desde que aterrei em Florianópolis para visitar um projecto social nos morros/periferia da cidade. Paulo Freire. A leitura foi-me recomendada, recomendada, recomendada. A sua grande obra é orgulho do povo brasileiro, da América Latina e está imersa na linguagem e prática de professores, educadores, psicólogos, assistentes sociais, sociólogos... Falo por experiência própria, subjectiva: nestes 10 dias de estadia e convivência com brasileiros, tenho a impressão de que aqui se respira e transpira (porque se pratica) participação, colaboração, acreditar nas pessoas, o sentido de troca e reciprocidade…de forma bastante natural, automática e, repito-me, entranhada.

Como investigadora, fiquei a pensar que a literatura escrita noutros idiomas para além do inglês é desvalorizada. Os latino-americanos orgulham-se muito da sua produção e sentem-se subestimados face à gigante visibilidade/procura que têm os artigos "ingleses", ou, como dizemos sem dar por isso, "americanos" (quando há tanta América para além dos Estados Unidos) e fizeram-me questionar sobre o monopólio "estadunidense", em como nos influencia e, se não tivermos consciência, pode chegar a alienar (caso nos fechemos a outras leituras).

Partilho um episódio para exemplificar o que venho comentando, entre os incontáveis exemplos a que tenho assistido e, depois, os links para três livros de Paulo Freire.

Foi uma conversa entre o padre Vilson, um dos líderes comunitários do morro onde estou instalada, e um rapaz de 12 anos – participante do projecto Procurando Caminho (ver vídeo). Apanhei uma parte, em que o padre respondia ao menino: “Quantas bicicletas precisamos para começar? Vamos levar para a frente a tua proposta. Descreve num papel a tua ideia, quero tirar de ti o projecto!” E tirei uma fotografia desse momento, vale a pena reparar.


Os links:
·         Pedagogiado oprimido
·         Pedagogiada autonomia

Desenho-avaliação numa formação do projecto Procurando Caminho 
Vou-me aventurar nestas leituras. Espero que sirva para reflectir, aumentar a compreensão e continuar a surpreender e deixar surpreender a prática. 

"Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre." Paulo Freire

MM