Este ano, a primavera, de alguma forma, tarda a chegar. Há qualquer coisa no clima que me faz sentir que estamos no outono. Talvez seja o vento e as folhas que continuam a esvoaçar à porta de casa. Fixo a atenção numa das folhas que desafia a estação do ano e observo o seu movimento. Já quase hipnotizado pela folha dou por mim a torcer pelos seus ensaios de aprendiz de avião. Os ensaios eram bastante interessantes. Primeiro a folha deita-se no chão, faz-se de quase morta, fica pesada e inerte. A folha parece acordar com a chegada da brisa. Fica leve, bem levezinha, arrepia-se pelo chão até encontrar a melhor posição para surfar a onda da brisa. Segura de si, agarra-se de forma determinada à crista da brisa e deixa-se ir, levantando voo. Leve, bem leve, a folha perde todo o peso e voa bem à minha frente, parece um daqueles aviões acrobatas que desafiam a lei da gravidade. Alegremente, a folha desenha no ar caminhos imaginários como se não existissem impossíveis. Com o passar dos s...