É frequente por parte de monitores de instituições de acolhimento de crianças em risco o comentário que as crianças e o jovens fazem o que querem, não conferindo autoridade aos adultos. Esta queixa mais complexa fica quando todos temos bem presente que o problema não se resolve através de uma cultura de autoritarismo baseada na acção física musculada ou pela disseminação de ideias terroríficas do tipo “se não nos ouves é que ficas mesmo abandonado”. Então que solução? Que caminho a tomar?
As crianças acolhidas, na sua grande maioria, são crianças em risco, isto porque a sua história está povoada por momentos de desencontro. Momentos que projectam uma sombra cinzenta sobre o estabelecimento de relações seguras e emocionalmente ricas. Estas crianças não tiveram na sua grande maioria alguém que as ensinasse a ler os seus afectos e a dinâmica emocional de uma relação. Neste sentido, são crianças desencontradas onde o vínculo é interpretado mais como grilhão do que como laço que liga duas histórias. O grilhão que prende, lembra o carcereiro e introduz a desconfiança como cultura relacional. O homem que nos dá a comida, é o mesmo que nos lembra que estamos presos. Situação que se agrava no olhar do carcereiro que não assumindo o seu papel, se desculpa pela cruel imposição de regras de que ele mesmo é alvo.
O carcereiro frequentemente, para se defender da violência do seu papel, coloca os seus actos nas mãos de um chefe ou de um rei, oferecendo-se assim como mero cumpridor de ordens sem qualquer autoridade e, por isso, inocente. Defendendo-se, revela-se como despejado de autoridade e de poder. Vemos como é o próprio guarda que se coloca numa posição de fragilidade para se defender das suas próprias emoções, baixando a guarda e desviando-se da sua tarefa. E assim a criança não vê autoridade porque ela não está lá.
Repor a autoridade passa então por assumir um papel e uma função, bem como a possibilidade de assumir que a diferença depende do próprio. O monitor deve ser apoiado no seu papel de decisor, de líder, de forma a se oferecer à criança como adulto que traça um caminho passível de ser alvo de identificação.
Neste caminho devemos ter sempre claro que ninguém se identifica aos fracos que não têm vontade.
PVS
As crianças acolhidas, na sua grande maioria, são crianças em risco, isto porque a sua história está povoada por momentos de desencontro. Momentos que projectam uma sombra cinzenta sobre o estabelecimento de relações seguras e emocionalmente ricas. Estas crianças não tiveram na sua grande maioria alguém que as ensinasse a ler os seus afectos e a dinâmica emocional de uma relação. Neste sentido, são crianças desencontradas onde o vínculo é interpretado mais como grilhão do que como laço que liga duas histórias. O grilhão que prende, lembra o carcereiro e introduz a desconfiança como cultura relacional. O homem que nos dá a comida, é o mesmo que nos lembra que estamos presos. Situação que se agrava no olhar do carcereiro que não assumindo o seu papel, se desculpa pela cruel imposição de regras de que ele mesmo é alvo.
O carcereiro frequentemente, para se defender da violência do seu papel, coloca os seus actos nas mãos de um chefe ou de um rei, oferecendo-se assim como mero cumpridor de ordens sem qualquer autoridade e, por isso, inocente. Defendendo-se, revela-se como despejado de autoridade e de poder. Vemos como é o próprio guarda que se coloca numa posição de fragilidade para se defender das suas próprias emoções, baixando a guarda e desviando-se da sua tarefa. E assim a criança não vê autoridade porque ela não está lá.
Repor a autoridade passa então por assumir um papel e uma função, bem como a possibilidade de assumir que a diferença depende do próprio. O monitor deve ser apoiado no seu papel de decisor, de líder, de forma a se oferecer à criança como adulto que traça um caminho passível de ser alvo de identificação.
Neste caminho devemos ter sempre claro que ninguém se identifica aos fracos que não têm vontade.
PVS